Manifesto ExtraLibris : Curadoria Figital
Transformar é reorganizar o mundo a partir dos lugares
por Fabiano Caruso
Toda escola é um território de inscrição. Cada livro, brinquedo ou objeto carrega em si uma memória, uma forma de pensamento, um gesto de criação.
A ExtraLibris nasce do desejo de devolver movimento e sentido a esses registros — não como acervo, mas como ecossistema vivo de conexões simbólicas.
Organizar é um ato político e poético. Não se trata de armazenar coisas, mas de redesenhar as relações entre elas. Uma coleção não é um conjunto de itens — é um campo de forças onde cultura, tecnologia e imaginação se encontram.
A Curadoria Figital propõe uma virada: sair da lógica da classificação fechada e do controle para entrar na lógica da composição e da presença.
O que antes era catálogo torna-se mapa.
O que antes era prateleira, torna-se lugar.
O que antes era leitura solitária, torna-se evento compartilhado.
O PRINCÍPIO: ORGANIZAR É RELACIONAR
A ExtraLibris parte de uma ontologia dos interiores — uma forma de pensar a organização a partir dos lugares, não apenas por assuntos.
Livro → prateleira → estante → biblioteca → escola → cidade.
Cada camada é um espaço de inscrição, um elo da memória coletiva.
Essa taxonomia de lugares não classifica o mundo: ela o reinventa.
O MÉTODO: QUATRO DIMENSÕES EM MOVIMENTO
Toda coleção ExtraLibris é composta por quatro dimensões interdependentes:
ITEM — o que carrega sentido: livros, objetos, sons, imagens, códigos, memórias.
LUGAR — onde o sentido se manifesta: prateleiras, painéis, interfaces, territórios simbólicos.
SELEÇÃO — o gesto curatorial que conecta os itens aos lugares, expressando um olhar, uma narrativa, uma pedagogia.
CURADORIA — a seleção com propósito, quando o que foi composto se torna presença compartilhada, aprendizado, invenção.
Essas dimensões formam um circuito figital — o entrelaçamento do físico e do digital — onde a leitura deixa de ser consumo e passa a ser criação.
A PRÁTICA: DO ACERVO AO ACONTECIMENTO
Cada escola que adota a ExtraLibris não instala um software: inaugura uma cultura.
As coleções deixam de ser depósitos e se tornam territórios de encontro.
Os estudantes deixam de ser usuários e se tornam coautores.
Os educadores deixam de ser mediadores passivos e passam a compor, junto aos seus alunos, as redes simbólicas que sustentam o aprendizado vivo.
O digital não substitui o físico — o amplia.
A leitura não se ensina — se compartilha.
A organização não se fecha — se reconfigura.
A VISÃO: DA ESTANTE AO ECOSSISTEMA
A ExtraLibris não é apenas uma metodologia.
É uma diplomacia entre mundos — entre o tangível e o imaterial, o técnico e o sensível, o dado e o gesto.
É uma forma de pensar bibliotecas, escolas e cidades como organismos conectados por laços de sentido e confiança.
Toda vez que um livro se desloca, um repertório se reescreve.
Toda vez que uma coleção se ativa, a escola aprende a se reconhecer como espaço de cultura.
Toda vez que uma leitura é compartilhada, nasce um novo território de imaginação.
FIGITECA é o nome dessa presença.
O lugar onde as coleções respiram.
O espaço onde o digital se faz humano.
O movimento onde toda escola se torna ExtraLibris.